SANTANA, Ana Paula (2007). Surdez e Linguagem - Aspectos e Implicações
Neurolingüísticas. São Paulo: Plexus Editora.
O que diz a autora sobre o livro: Na surdez, encontramos uma condição (neuro) lingüística de grande diversidade. Essa diversidade se dá pela heterogeneidade linguística, pelo uso da leitura labial, da língua de sinais, da fala, da "audição" alcançada por meio das próteses auditivas e dos implantes cocleares. Essas condições dependem ainda de outras variáveis: usos da língua, interlocutores com diferentes graus de proficiência, possibilidades de adquirir uma segunda língua, métodos formais ou não formais na aprendizagem da segunda língua, tipo de relação de cada sujeito com essa(s) língua(s). O objectivo deste livro é discutir, nesse contexto, a relação entre cérebro, linguagem e cognição. Para tanto, tomo como posto de observação uma neurolinguística de abordagem discursiva, que leva em conta as relações entre linguagem, cognição e cérebro, contingenciadas pela cultura, pelas interacções sociais, pela intersubjectividade. Este estudo revela que a organização cerebral modifica-se sob condições linguísticas e cognitivas diversas. O cérebro humano, por sua natureza plástica e dinâmica, é capaz de novas (re)organizações funcionais resultantes do contexto sócio-histórico de que o sujeito participa. Da mesma forma, a aquisição da linguagem modifica e amplia os processos cognitivos.
Essas questões estão directamente relacionadas ao modo como a sociedade, os surdos e seus familiares lidam com a surdez, como se relacionam com a(s) língua(s), como interpretam o mundo. Isso quer dizer que não podemos fazer generalizações arbitrárias sobre o "cérebro do surdo" ou sobre sua linguagem, ou esperar que a metodologia educacional associada à teoria seja a mesma encontrada na prática e em circunstâncias reais de aquisição e desenvolvimento da linguagem. São as práticas sociais com a linguagem o ponto principal de nossa organização linguístico cognitiva. Neste livro discuto aspectos relacionados apenas a surdos de grau profundo, filhos de pais ouvintes. Para discutir determinadas questões, foram levados em conta dados linguísticos de surdos que participam de abordagem bilingue, surdos que foram submetidos à abordagem oralista e surdos que possuem implante coclear. Os surdos que participaram desta pesquisa frequentam ou frequentaram os seguintes centros especializados: DERDIC (PUC/SP), CENTRINHO (USP /Bauru) e CEPRE (UNICAMP).
(ver: http://www.gruposummus.com.br/detalhes_livro.php?produto_id=1038)
« Les mots sont une bizarrerie pour moi depuis mon enfance. Je dis bizarrerie, pour ce qu'il y eut d'abord d'étrange.
Que voulaient dire ces mimiques des gens autour de moi, leur bouche en cercle, ou étirée en grimaces différentes, leurs lèvres en curieuses positions ? Je " sentais " quelque chose de différent lorsqu'il s'agissait de la colère, de la tristesse ou du contentement, mais le mur invisible qui me séparait des sons correspondant à ces mimiques était à la fois vitre transparente et béton. Je m'agitais d'un côté de ce mur, et les autres faisaient de même de l'autre côté. Lorsque j'essayais de reproduire comme un petit singe leurs mimiques, ce n'étaient toujours pas des mots, mais des lettres visuelles. Parfois, on m'apprenait un mot d'une syllabe ou de deux syllabes qui se ressemblaient, comme " papa ", " maman ", " tata ".
Les concepts les plus simples étaient encore plus mystérieux. Hier, demain, aujourd'hui. Mon cerveau fonctionnait au présent. Que voulaient dire le passé et l'avenir ?
Lorsque j'ai compris, à l'aide des signes, qu'hier était derrière moi, et demain devant moi, j'ai fait un bond fantastique. Un progrès immense, que les entendants ont du mal à imaginer, habitués qu'ils sont à comprendre depuis le berceau les mots et les concepts répétés inlassablement, sans même qu'ils s'en rendent compte. »
COELHO, Orquídea; CABRAL, Eduardo e GOMES, Maria do Céu (2004). «Formação de Surdos: Ao Encontro da Legitimidade Perdida», Educação, Sociedade & Culturas n.º 22, 153-181.
Abstract: Neste artigo abordamos um pouco da história da educação dos surdos e da sua luta pela emancipação, pela igualdade de direitos, pelo pleno reconhecimento das suas línguas maternas, as Línguas Gestuais, pelo direito a seres portadores e produtores da sua cultura própria , a construirem uma identidade surda e a assumirem, entre outros o papel de professores/educadores surdos e de agentes transformadores da escola. Ao longo do texto, essas ideias são ilustradas com recuro a vários testemunhos encontrados dispersos na literatura académica e não-académica e, com eles, emerge o facto de (à excepção de pequenos focos) a sociedade maioritária não ter vindo a reconhecer a urgência de uma mudança de paradigma nesta área, promovendo atitudes segregacionistas e educando os surdos numa perspectiva de auto-regulação e de construção de uma identidade ouvinte.
VOLTAR AO BLOGUE
alteridade(2)
audição(1)
audismo(1)
babel(1)
bébian(1)
bérthier(1)
biilinguismo(1)
bilinguismo(1)
biografia(2)
currículo contra-hegemónico(1)
de l'épée(1)
deficientes(2)
desloges(1)
diferença(6)
diversidade(1)
dominação(1)
educação(1)
emancipação(1)
escola(1)
escrita(1)
exclusão(1)
história(4)
identidade(5)
iluminismo(1)
inclusão(3)
interacção(1)
investigação(1)
leitura(1)
linguagem(2)
massieu(1)
mesmidade(1)
minorias(1)
outro(1)
paradigma socioantropológico(4)
preconceito(1)
segregação(1)
sicard(1)
surdos(1)